"No mar tanta tormenta e tanto dano,
Tantas vezes a morte apercebida;
Na terra tanta guerra, tanto engano,
Tanta necessidade avorrecida!
Onde pode acolher-se um fraco humano,
Onde terá segura a curta vida,
Que não se arme e se indigne o Céu sereno
Contra um bicho da terra tão pequeno?"
Os Lusíadas, I, 106.
John Kennedy, apesar da pose de atleta, tinha uma tonelada de doenças; viveu toda a vida a crer que morreria doente no dia seguinte. Kennedy andava sempre com um médico ao seu lado e só conseguia trabalhar por tomar doses cavalares de morfina. Morreu assassinado. Manuel Bandeira, como Kennedy, viveu sempre a crer que morreria no dia seguinte, pela tísica, dama tenebrosa; Bandeira nunca assumiu um compromisso na vida: morreria e não poderia cumprir. Morreu aos 82 anos, do coração. Alexandre, o Grande conquistou em 10 anos o que os romanos levaram séculos para conquistar. Metia-se sempre, indo contra todos os seus conselheiros, em batalhas consideradas suicidas. Lutou, até, contra elefantes. Quando voltou da Índia, ninguém acreditava que pudesse estar vivo. Morreu de febre. Também Julio César lutou dezenas de batalhas suicidas, em que os exércitos inimigos eram o dobro ou o triplo do seu. Milagrosamente, sobreviveu a todas as batalhas. Morreu assassinado, pelas mãos dos patrícios seus. Todos esses casos ilustram a impotência humana ante o destino e o decurso das coisas, e isto é grande coisa. Tais casos não são, porém, os únicos.
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