06 junho 2006

O olhar que não quer ver

A balbúrdia em SP não foi coisa do PT: pensá-lo é teoria da conspiração de meia dúzia de doidões de lingüiça que babam na gravata e urram no bosque. Como é que o PT, aquele partido enselvado até as entranhas no caso Celso Daniel (aquele, das sete testemunhas mortas por acidente), poderia ter algum envolvimento com bandidos? O PT, aquele partido ao qual o doleiro Toninho da Barcelona acusou de ter milhões no exterior, doleiro que, depois disso, foi sistematicamente violentado e surrado na prisão. Foi, é claro, por puro acaso, só porque bandidos adoram políticos por compatibilidade de genes. E, se o PT já deu provas mais que suficientes de amizade com as FARC, se as FARC abrigaram Fernandinho Beira Mar por meses e se Fernandinho Beira Mar é do bando criminoso carioca “parceiro” do PCC; se o comando do PCC ordenou a seus “filiados” que votassem no PT e se gravações telefônicas de membros do PCC mostram ordem de “matar o pessoal do PSDB”, então, por tudo isso, fica comprovado que o PT nada tem em comum com o PCC, quod erat demonstratum. Podemos, outrossim, afirmar que se o líder do “movimento de libertação” (com minúscula) do MST, Bruno Maranhão, é ele mesmo da executiva do PT, logo é óbvio ululante que o PT não tem absolutamente nada com a depredação que acaba de ocorrer na Câmara do Deputados, e pensá-lo só pode ser coisa de alucinados que urram no bosque e deveriam estar amarrados ao pé da mesa.

2 comentários:

Renato C. Drumond disse...

1.Ligar o PT com o PCC é irresponsabilidade infantil do Olavo de Carvalho. Os defeitos do PT não levam necessariamente a uma ligação efetiva do partido com o PCC. O PCC mandar matar sujeitos do PSDB é mais do que lógico, visto que o PSDB governa o Estado de São Paulo. Em relação a orientação para votar no PT, isso pode ter as mais variadas razões, não necessariamente programáticas. Podem imaginar, por exemplo, que o PT seja mais "frouxo" no combate ao crime. Pensamento puramente pragmático que nada tem de ideológico. Por exemplo, recentemente os EUA se aproximaram da Líbia dizendo que o país está comprometido na luta contra o terrorismo. Daí eu poderia ser sacana e dizer que o Bush defende Kadafhi, mas sei que é uma aproximação meramente pragmática.

2.A questão do PCC é de SEGURANÇA PÚBLICA. Mesmo que os atentados tenham relação com o PT, o que não foi comprovado, o partido que está desde 1994 no governo do Estado de São Paulo é o PSDB e o FHC foi presidente do Brasil durante 8 anos. Culpar o Lula pela crise na segurança pública que provocou o crescimento do PCC é negar a existência de um problema que é muito mais profundo do que briga entre partidos. E muito mais um problema estadual do que federal. Não se pode substituir a idéia da crítica pela crítica da idéia. Esse é um erro muito comum que boa parte dos que se dizem anti-esquerdistas cometem: se afastam da análise do real e se focam apenas nos erros da esquerda ao analisarem o real, e acabam concluindo que o problema do real é derivado única e exclusivamente da existência da esquerda.

3. Irresponsabilidade maior ainda foi a de Olavo de Carvalho que, em artigo na Front Page Magazine, acusou Marcio Thomaz Bastos de ser advogado pessoal do Marcola, e de ter abrandado a lei dos crimes hediondos para favorecer o seu cliente. E de dizer que o MST treinou integrantes do PCC, quando na verdade o mesmo apenas orientou mulheres de presos para organizar uma passeata. Quanta imaginação! O que ele está querendo? Tentando influenciar conservadores americanos que o Brasil é um "perigo"?

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Renato C. Drumond disse...

Não tinha lido o texto todo, mas cliquei o link e comento o finalzinho dele:

1. É totalmente infundada a comparação entre alemanha de 30 e brasil de agora. Se Lula fosse como hitler, teria usado da invasão do mst do b para criar um clima hostil contra o congresso.

2. a alemanha de hitler vivia:

2.1um traumático período pós-guerra
2.2saída de uma hiper-inflação nunca vista na história
2.3sofria com as conseqüências da grande depressão.

3. o brasil de lula vive:

3.1um regime democrático desde 1985
3.2um período de pequena inflação desde 94
3.3sofre de pequeno crescimento a curto prazo, mas a longo prazo tem fortalecido suas bases para um creascimento sustentável. A redução da pobreza nos últimos 10 anos é significativa.

4.É absolutamente condenável e diz muito sobre o PT o fato de Bruno Maranhão fazer parte do partido. É preciso que se investigue e se reveja a verba que é repassada para o movimento pelo governo federal.