24 abril 2006
Futilidade: Você realmente precisa dela ?
Aconselho a todos que lerem este meu post - acessem a página http://port.pravda.ru/news/sociedade/cultura/23-04-2006/10759-gb-0 e acompanhe este artigo- sobre o qual discursarei ...Tudo bem que é um site comunista, que segue uma ideologia e tudo mais, porém que seja uma ideologia que digam coisas inteligentes pois de ideologias idiotizantes temos um monte. Como este mesmo site pode comprovar-nos.Qualquer cidadão pode discursar a vontade sobre o assunto que quiser, mas para ser crítico, ou produzir um artigo crítico, o critério RACIONALIDADE tem que ser levado em consideração.Vou reproduzir o artigo anterioemente citado, e se alguém desejar comprovar que eu não modifiquei nem uma vírgula do texto, pode sentir-se livre para conferir no link acima.
"Futilidades: você realmente precisa delas?
Gustavo Barreto, 22/4/2006
É muito comum ouvir nas redações jornalísticas que o leitor/telespectador precisa de um “momento de fuga” ou de algumas futilidades para ajudar a enfrentar as durezas do dia-a-dia."
-Concordo plenamente. Nós ouvimos o tempo todo que o momento de fuga alivia o stress e as tensões do dia-a-dia. E ainda temos um livro de Bertrand Russel ("Elogio ao Ócio") que aborda de maneira interessantíssima este tema. Em um determinado trecho Russel nos fala sobre a necessidade das coisas inúteis. Muito interessante. Confiram. Seguindo...
"Com base nesse argumento, que possui um fundo de verdade, a imprensa costuma exagerar na dose, publicando notícias como “Nicole Kidman corta o cabelo bem curto e choca os fãs” ou ainda “Descoberto o maior número primo”. Será mesmo que, com tantos problemas no Brasil e no mundo, temos tanto tempo assim para perder com os inúmeros momentos de fuga que nos oferecem? Independente da intenção dos editores em publicar tais informações, cabe perguntar: a quem efetivamente interessa a multiplicação da futilidade na imprensa brasileira?"
Interessante é que o autor, que é Barreto assim como eu(este comentário é completamente inútil e desnecessário), pergunta e responde no mesmo párágrafo sobre o problema que ele mesmo desenvolveu. Ele mesmo cita que é preciso um "momento de fuga", e este argumento ainda tem um "fundo de verdade". E depois pergunta se temos mesmo tempo a perder com tantos momentos de fuga. Concordo que as futilidade são enormes e os problemas parecem não ter fim, mas temos que nos lembrar que as pessoas optam pela futilidade, pela revista "Capricho" e se algum leitor, se houver algum, prestar atenção nas fotos do site que indiquei, haverão três fotos na página à esquerda(sugestivo, não?): uma da Gisele Bündchen, outra de um carro importado - um"Aston Martin Rapide Concept"- e outra do Gilberto Gil e um aparente gaúcho. E por este tipos de fotos também. Somos livres para sermos fúteis sem que sejamos alienados. Pois se sou consciente da minha "alienação", não sou alienado. Sou engajado. Portantonão sou mais fútil.Bem, como eu não assisto reportagens sobre moda ou sobre culturas estéticas, mas curto muito fofocas - este é o meu momento de fuga, por que não?- do tipo - Não sei quem casou com amigo do outro - Teste de dna prova que filho é do tio- estas coisas....- eu posso dizer que existem mesmo reportagens que para mim são uma droga e inúteis. PARA MIM. O que não quer dizer em nenhum momento que são ruins ou fúteis para outros. Traduzindo - não é porque existem problemas em demasia no Brasil e no mundo que eu não irei resolvê-los por causas das futilidades. Eu não os resolveria mesmo se 100% das notícias fossem úteis(para quem?).O que deixa mais horripilante(e arrepiante!) ainda neste artigo do Gustavo Barreto ( meu "primo") são os exemplos. Acompanhe-os:
"Resgato abaixo notícias publicadas no fim de 2003, com destaque editorial nos respectivos veículos citados.
“Cientistas da Sony criam robô que consegue correr. Qrio já caminhava, jogava bola e até dançava, mas agora também corre”. [BBC, 18.12.2003]""
Desculpe a minha ignorância na área da tecnologia, mas um robô correr, jogar bola e dançar não é muito comum de ser ver por aí. A tecnologia empregada não sei se pode ser considerada fútil. Este exemplo não foi feliz.“Descoberto o maior número primo. Com 6.320.439 dígitos, ele foi encontrado em 17 de novembro por um estudante de graduação de apenas 26 anos nos EUA” [Revista Galileu, 05.12.2003]
Apelo para a minha ignorância em matemática, mas número primo não é aquele que só é divisível por si mesmo e por 1? Não é aquele número que era difícil à beça encontrar durante um prova? Olha, pela dificuldade , encontrar um número primo com 6.320.439 dígitos não deve ter sido fácil. O orgulho de si mesmo do matemático deve se aproximar das nuvens. Penso ainda que o lastimável, digo, estimavel autor necessita parar de pensar utilitaristamente. O cara encontrou um número antes nunca encontrado e ainda é considerado fútil? Na área da matemática deve ter até um concurso. Isto é pelo menos curioso. Fútil não é. Ou estará o autor confundindo curioso, novidade, desempenho, superação com futilidade?
“Japoneses inventam menor helicóptero do mundo. Protótipo pesa 10 gramas e, embora voe por controle remoto, precisa ser conectado por um cabo a uma fonte de energia”. [BBC Brasil, 19.11.2003]
Minha ignorância entra em cena mais uma vez. Um helicóptero de 10 gramas é futilidade ou tecnologia desenvolvida? Por acaso a nanotecnologia faz parte do processo tecnológico ou das revistas de fofocas? Não sei muito bem....
“A nova moda é o banho. Brasileiro dedica mais tempo e dinheiro à banheira e ao chuveiro, como produtos de luxo. O resultado é que o setor de higiene pessoal cresce como nunca. Só entre 2001 e 2002, o mercado teve uma alta de 43,8%”. [Revista Época, 14 de dezembro de 2003]
Ainda bem que o brasileiro toma banho... ainda tenho a fé de que o comentário de Herbert Marcuse sobre o hábito de tomar banho ser influenciado pelo mercado de consumo( e por isso muito hippies aderirem ao hábito do não-banho) não influencie muitos marxistas... nossas universidades iriam cheirar muito mal. Mas é sério. Eu tenho esta reportagem em casa, e ela me influenciou a investir em algo do gênero. Não podemos negar que é importante a interação do homem com o mercado que o cerca. e das oportunidades que ele pode cheirar, digo, gerar. Estou começando a ficar triste com a escolha das "futilidades" escolhidas...
“AXN exibe maratona especial de 'Survivor VI Amazônia'” [Plantão O Globo, seção de "Cultura", 28.11.2003]
Sabe que dia e que horas passa Lost segunda temporada? No AXN 21:00 horas toda segunda feira. Para quem gosta e está desinformado sobre horário e calendário é importante se informar. Eu tenho todo o direito de gostar do Survivor e querer assisti-lo. E acho muito bom quando sou informado por um veículo de comunicação de massa. É para isso que eles servem afinal, não é? Aliás, Survivor é o meu momento de fuga, por que não? Gustavinho... que coisa feia!!!
“Nicole Kidman corta o cabelo bem curto e choca os fãs” [Plantão O Globo, seção de "Cultura", 27.11.2003]
Realmente... se os fãs ficaram chocados o problema é deles!!!! E se a Nicole Kidman cortou o cabelo ém problema dela e os fãs não tem nada a ver com isso. E quem fez esta reportagem é um inútil que não tinha nada de melhor para fazer. A não ser escrever para o jornal contratador de seus serviços e pagador do seu salário. Mas que esta reportagem é fútil, apesar de abrir margem para a discussão sobre o conceito liberdade, é.
“Sarah Jessica Parker usa xampu de cavalo no cabelo” [Plantão O Globo, seção de "Cultura", 26.11.2003]
Podia ser xampú de cachorro. Esta também é fútil, e não quer dizer nada com a hora do Brasil. A não ser que no resto da reportagem diga quais são os critérios para que ela use este determinado tipo de xampu. Vai que eu goste da idéia e use também? Se disser não é tão fútil assim. Só se o cuidado com os cabelos for questão de futilidade.
“Exclusivo: Em entrevista, Britney Spears fala da importância do beijo em Madonna e da atração que sente pelo astro Brad Pitt” [Revista Época, 15.11.03]
Bem, eu não li esta reportagem, mas vi o beijo e gostei. Não sei qual a valoração que a Britney colocou para classificar como importante o beijo que ela deu na Madona e nem na atração que ela tem pelo Brad Pitt(apesar que toda garota deve ter...). Dependendo da importância atribuída pode ser classificada como fútil. Mas como vem dela, e isso é preconceito mesmo, pois eu não sei nada mesmo sobre esta cantora teen, deve ser fútil mesmo.
“Vida de cão. O Brasil já tem a segunda maior população de bichos de estimação no planeta. Médicos e psicólogos indicam mascotes até para tratar de doenças como depressão” [Revista Época, Edição 272 - 04/08/2003]"
Po, assim não dá. Até isso é considerado futilidade. Responder a isso tb deve ser... Cada dia que passa gosto mais do Nélson Rodrigues... deixemos um comuna falar livremente sobre sua ideologia que ele mesmo irá criar provas contra si...Depois o cara quer mudar o mundo. Ele nem sabe o que é futilidade!!! Por acaso um mundo informado é um mundo fútil? Talvez Cuba não seja, pois informação lá é o quem mais falta.
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Um comentário:
Parabéns pelo artigo, muito pertinente.
Continuando no embalo, gostaria de registrar a confusão que muitos comentadores sociais fazem: é entre o Estado determinar o que as pessoas devem pensar e consumir, e o resultado médio dessas escolhas. No primeiro caso, só existe um tipo de escolha, e não se pode escapar dela. No segundo, há sempre a oportunidade de escolhas "marginais", que fogem do que a maioria consome. Daí muitos colocarem tais estilos de vida como "alternativos" e mesmo "fora do mercado". Mas é justamente o contrário: eles só são possíveis devido a existência do mercado. E as escolhas médias do mercado são dinâmicas: mudam de acordo com o tempo. Não há nenhuma obrigação de seguí-las.
O próprio Hayek, no seu livro "Fundamentos da Liberdade" fala da importância dos indivíduos não seguirem os costumes já estabelecidos e lutarem por idéias que estão à margem. E somente a instituição do mercado pode garantir a substituição gradual dos costumes antigos pelos novos, combinando o conservadorismo de seguir a norma e a revolução do experimentalismo, sem contudo ter que sacrificar o que deu certo "até agora" por algo que nos é incerto.
Em suma, só o mercado pode garantir que recusemos o que consideramos como "fútil" e não sejamos obrigados pelo Estado a seguir aquilo que consideramos sem valor. Um Estado que obrigasse todos a agirem de maneira útil seria de um tipo conservador, pois a inovação requer justamente o esforço "fútil" e "inútil" no momento presente, mas que pode ser valioso no futuro.
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